Wednesday, January 07, 2009

Polícia para quem precisa de polícia

Alguns devem se lembrar que há muito tempo existia polícia aqui no Brasil. Sim! Acreditem ou não já existiu polícia no Brasil. Eu, que já sou mais do que um tiozão, estou mais para um avozão sem netos, sou do tempo - expressão de quem já está mais para lá do que para cá - em que havia polícia no Brasil e, mais especificamente, aqui em Porto Alegre.

O ano era 1960 e a polícia tinha nome de polícia, jeito de polícia e tratava a população como cidadã e bandido com bandido. Aliás, a polícia tinha várias nomes: polícia civil, guarda civil e guarda de trânsito. Isso aconteceu antes da "redentora", antes da revolução de 1964, quando os milicos resolveram meter o exército na polícia - eles só conseguiam pensar como milicos - e criaram as malfadadas polícias militares.

A guarda civil trabalhava fardada, mas não usava coturnos militares, usava sapatos pretos e um uniforme azul - não eram soldados preparados para uma guerra, eram policiais fardados. Eles eram conhecidos como "os guardas do quarteirão". Sim! Eles conheciam os moradores e os moradores os conheciam. Alguns chegavam quase a fazer parte da familía. Conheciam os nossos filhos, as nossas casas, nossos cães e, pasmem!, até a data do aniversário de muita gente.

Agora muita gente fala em "inventar" uma polícia comunitária. Você consegue imaginar uma polícia mais comunitária do que a antiga guarda civil? Mas aqui no Brasil é assim: quando uma coisa funciona sempre inventam um jeito de estragá-la ou, melhor, eliminá-la. Deve ser para nivelar tudo pelo padrão brasileiro de administrar e governar.

O guarda civil sabia tudo sobre o seu local de trabalho - e até mesmo coisas que não devia! Sabia o horário em que os nossos filhos deviam estar no colégio, o horário em que os moradores saíam para o trabalho, quem morava no bairro e quem era um estranho no local. Eles faziam uma coisa conhecida como patrulhamento e vigilância.

A isso se dá o nome de policiamento preventivo, atividade que visa impedir a ocorrência dos crimes. Com a extinção da guarda civil se extinguiu o policiamento preventivo. As chamadas polícias militares agora permanecem nos quartéis aguardando que os criminosos executem os seus "trabalhos". Depois, quando chamados, a sua missão assemelha-se a de um médico que chega para socorrer um paciente que já está morto...  

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