Friday, October 30, 2009

Mudar o disco

Ninguém gosta (alguém?) de ficar escutando o mesmo disco eternamente. É o que acaba ocorrendo com os meus escritos, que, por essa e outras, vão ficando cada vez mais escassos. Acabo não escrevendo na constatação de que os assuntos da agenda nacional são invariáveis.

Passam as gentes, passa o tempo e as nossas expectativas continuam sempre as mesmas: melhor distribuição de renda, mais segurança, melhor educação, menos roubo no governo e na política, menos carnaval, futebol e novelas e mais coisas realmente importantes para o país.

Ah! O mal é que escrevo sobre isso, meus assuntos preferidos são estes, a política, a realidade nacional, a sociedade organizada. Escrevesse sobre abobrinhas e teria um prato transbordante e ameno; infelizmente isso não faz o meu gênero. Não me importa quem casou com quem, quem namorou ou ficou com quem, quem deu para quem.

No futebol sou um espectador eventual. Acompanho muito mais outros esportes que não possuem tantos reis, imperadores, princípes, magos, etc. Para mim boleiro é só um boleiro, nada mais. O negócio é vê-los jogar, não ouvi-los falar; não me interessa minimamente o que eles tem a dizer (e eles dizem alguma coisa útil?).

Um dia isso muda. Talvez quando no dia em que eu resolver mudar de país...

Friday, January 16, 2009

Yes, We can almost everything!

Essa nova onda, a Obamania, que vem exaltando um futuro governo norte-americano e que até o momento - e como era o esperado - só está tratando de formar a sua equipe administrativa, é mais fruto do esgotamento e da aversão crescente ao atual governo de George Bush do que qualquer mudança efetiva que tenha ocorrido.

Esse excesso de expectativa no sucesso - ou a urgência desse sucesso - do futuro governo aumenta muito a pressão sobre Obama, apressando a adoção de medidas corretivas nos dois principais problemas que o país vem enfrentando: os desvios na política econômica e na política de relações internacionais do país.

Embora o bom senso recomende que não se deve esperar milagre de quem não é santo, nessas horas de crise todos tendem a esquecer os mandamentos da razão e do juízo. Depositando fundadas e infundadas esperanças numa mudança mágica, norte-americanos e não ianques esperam por São Barack.

Dizem que quanto maior o pedestal, maior o tombo. Se a responsabilidade ao erigir tão alto grau de espectativa não é só de Obama, o seu lema vitorioso, o positivismo contido no "Yes, We can!" acendeu o desejo e acenou para o povo com a possibilidade de que tudo é possível. Acreditar na impossibilidade do impossível é o primeiro passo para a decepção.

Uma outra face da moeda é a realidade de que nem tudo é possível a um presidente, isso porque, independente da sua vontade, existem forças maiores e mais fortes do que o poder presidencial. Querer não acreditar nisso é acreditar em contos de fadas. São famosos os fracassos e os desastres dos presidentes que quiseram mandar mais do que podiam ou deveriam...

Todos anseiam e esperam pelas mudanças, mas o próprio Obama já tem alertado que "nem tudo será fácil, nem tudo será imediato, só bastou afirmar o óbvio, nem tudo será possível. Seu verdadeiro lema deveria ser "Yes, We can almost everything!".

Thursday, January 15, 2009

Chuvas e outras catástrofes

Aquecimento global ou ciclos climáticos? Confesso que não sei qual o motivo, mas a verdade é que o clima já causou mais estragos nos últimos anos do que todas as guerras. Ciclones, tufões, temporais e todo o tipo de cataclismos relacionados com o clima tem castigado inclementemente o planeta.

Aqui no Brasil um ciclo de temporais e enchentes se abateu sobre vários estados fazendo vítimas e provocando verdadeiras catástrofes na economia. Qual a causa? Nos últimos tempos os cientistas se dividiram, um grupo que acredita serem as mudanças climáticas fruto de agressões ao meio ambiente e um outro que entende que tudo faz parte de ciclos climáticos.

O fato é que, nesses tempos de mundo globalizado, nada é mais cruel do que essas consequências da agressão ao meio ambiente: o crime é cometido no chamado primeiro mundo e quem sofre o castigo é o terceiro. O aquecimento global, o buraco na camada de ozônio afeta os polos, derrete os glaciais e provoca as enchentes.

Quem não se assusta quando ouve da boca de cientistas a razão pela qual não há motivo para alarde: quando o nosso planeta se tornar inabitável, dizem eles, já estaremos em condições de habitar outro... 

Wednesday, January 07, 2009

Polícia para quem precisa de polícia

Alguns devem se lembrar que há muito tempo existia polícia aqui no Brasil. Sim! Acreditem ou não já existiu polícia no Brasil. Eu, que já sou mais do que um tiozão, estou mais para um avozão sem netos, sou do tempo - expressão de quem já está mais para lá do que para cá - em que havia polícia no Brasil e, mais especificamente, aqui em Porto Alegre.

O ano era 1960 e a polícia tinha nome de polícia, jeito de polícia e tratava a população como cidadã e bandido com bandido. Aliás, a polícia tinha várias nomes: polícia civil, guarda civil e guarda de trânsito. Isso aconteceu antes da "redentora", antes da revolução de 1964, quando os milicos resolveram meter o exército na polícia - eles só conseguiam pensar como milicos - e criaram as malfadadas polícias militares.

A guarda civil trabalhava fardada, mas não usava coturnos militares, usava sapatos pretos e um uniforme azul - não eram soldados preparados para uma guerra, eram policiais fardados. Eles eram conhecidos como "os guardas do quarteirão". Sim! Eles conheciam os moradores e os moradores os conheciam. Alguns chegavam quase a fazer parte da familía. Conheciam os nossos filhos, as nossas casas, nossos cães e, pasmem!, até a data do aniversário de muita gente.

Agora muita gente fala em "inventar" uma polícia comunitária. Você consegue imaginar uma polícia mais comunitária do que a antiga guarda civil? Mas aqui no Brasil é assim: quando uma coisa funciona sempre inventam um jeito de estragá-la ou, melhor, eliminá-la. Deve ser para nivelar tudo pelo padrão brasileiro de administrar e governar.

O guarda civil sabia tudo sobre o seu local de trabalho - e até mesmo coisas que não devia! Sabia o horário em que os nossos filhos deviam estar no colégio, o horário em que os moradores saíam para o trabalho, quem morava no bairro e quem era um estranho no local. Eles faziam uma coisa conhecida como patrulhamento e vigilância.

A isso se dá o nome de policiamento preventivo, atividade que visa impedir a ocorrência dos crimes. Com a extinção da guarda civil se extinguiu o policiamento preventivo. As chamadas polícias militares agora permanecem nos quartéis aguardando que os criminosos executem os seus "trabalhos". Depois, quando chamados, a sua missão assemelha-se a de um médico que chega para socorrer um paciente que já está morto...