Saturday, January 28, 2006

Amancebou-se!

Gostaria que alguém me explicasse o que é ficar. esse novo/velho verbo do idioma; ou seria melhor dizer que é um velho verbo com nova roupagem. No meu tempo quem ficava, permanecia. Hoje, ao que parece, quem fica não fica, vai. Qualquer coisa como dá uma fincada e saí. Será que é isso? Eu entendia o ficar como um caso tratado com descaso, se é que me entendem, eu fico, mas não estou nem aí.

Comecei a ouvir coisas do tipo: "Fiquei com ele durante três anos". Pera aí! Explica isso melhor! Ficou de permaneceu, ou ficou de ficar? As duas coisas, me respondem. Então eu não entendo mais nada. Se quem fica não fica, saí, agora com esse fica que finca e fica, já não sei mais nada.

Se alguém souber distinguir os ficas, por favor...

Tuesday, January 24, 2006

Ora direis, louco.

Qualquer um que beire a normalidade deve pensar que sou um 'louco de atirar pedra'.Uma expressão bem curiosa essa: "louco de atirar pedra"; como se "atirar pedra" fosse a ação mais característica nas atitudes de um louco. Confesso que não conheço o rol de todas ações dos dementes, mas não creio que, entre todas as possíveis, atirar pedra seja a ação que mais os caracterize.

Você, por um acaso, já viu algum demente ou um grupo deles atirando pedras? Não? Eu também não. Não tive a (in)felicidade de ver qualquer grupo de dementes, ou de mentalmente perturbados, a jogarem pequenos fragmentos de pedras contra qualquer alvo. Talvez eu não devesse insistir no termo, mas se ora digo loucos, e digo loucos ora, é porque não conheço termo políticamente melhor para maluco, tantã, doido, parafuso frouxo, fraco das idéias ou miolo mole.

Escolhi esse louco porque achei dentre todos o nome melhor, concorda comigo, amigo louco? Faço questão de dizer ao amigo que não faço questão desse louco, se alguém tiver para louco um nome que designe a loucura melhor melhor, que apresente o seu louco melhor, ou cale-se por toda a insanidade. Blém, Blém.

Thursday, January 19, 2006

Futuro

Quando eu era pequeno minha mãe me disse: meu filho, não seja bobo! Segue uma carreira de futuro, vai ser um guru, um adivinhador. É uma coisa bem fácil, qualquer faculdade de ciências ocultas ensina tudo que você precisa saber a respeito, com um belo turbante você está feito na vida.

Eu não acreditei, quis fazer engenharia mecânica; se ao menos tivesse ficado só no torno mecânico! Ficasse e ainda tinha a chance de ser presidente da república, mas fui estudar! Agora é só olhar pra mim hoje e ver na merda que deu.

Tuesday, January 17, 2006

Sunday, January 15, 2006

Quando aprenderei?

Por que me é tão difícil ser sapiente, ponderado, se sei que o segredo está no bom senso? Por que passar pelo mesmo processo, os mesmos erros, se sei pelos anos vividos que o que realmente importa o dinheiro não compra? A felicidade que se busca tão longe e sempre está perto, na simplicidade, na fraternidade. Quando aprenderei esses simples ensinamentos?


Wednesday, January 11, 2006

O Circo Humano

O nome pode ter sido emprestado do clássico orweliano, mas o show é digno de um circo humano. Quase como um teatro das pulgas, onde os "atores" são obrigados ao desempenho de certos papéis, a seguir certos scripts. Eles podem ser eles mesmos desde que não atrapalhem o show, não cometam desatinos que diminuam a audiência.

A luta se desenvolve em torno da batalha para serem tudo menos chatos e convencionais, que é a tendência normal, a rotina de todo mundo. E não é só isso, há prêmios, muitos prêmios. Um milhão está em jogo para o grande vencedor! O valor é acenado para a patuléia como o peixe que faz os golfinhos pularem nos aquários; um milhão! É a sexta versão do Big Brother Brasil.

Ah! E não fica só nisso, tem mais, tem muito mais do que quinze minutos de fama; horas, dias, para os resistentes serão semanas e, quem sabe?, até meses. As cameras, os grandes olhos orwelianos estão lá espalhados por todos os lugares, em todos os cantos. Acho que faltou criatividade da Globo, faltou alguns buracos de fechadura, sabe como é, essas coisas simbólicas são importantes.

Monday, January 09, 2006

Sorte Grande

Li no blog de uma amiga, ela escreveu brincando com a sua suposta "sorte grande", havia ganho na loteria, mas junto com ela havia ganho o mundo, resultado: o prêmio dividido dá o equivalente a dois reais. Como ela mesmo diz, não paga nem a passagem para ir até a agência lotérica buscar o prêmio.

Infelizmente essa ainda é uma das últimas esperanças do nosso povo; eles ainda acreditam na possiblidade de serem os sorteados, os escolhidos. A sorte grande teria que vir na certeza, não com um montão de dinheiro assim caído do céu, mas na certeza do emprego bem remunerado, na certeza da poupança que garanta a tranquilidade na aposentadoria.

Nada disso acontece por aqui; você só conta com mesmo com essa dita "sorte grande", a qual, irônicamente, de sorte não tem nada, e de grande também não tem, porque as chance de que alguém venha a ganhar alguma coisa é práticamente nula, coisa da ordem de um para cinquenta milhões.

Como o Estado não garante a sorte real, ela inventa essa sorte de fantasia, essa sorte de mentira, esse conto do vigário, essa história da carochinha. Pobre povo nas mãos dessa gente, gente má, gente ruim...

Saturday, January 07, 2006

Magistradas...

Mulheres são pessoas de sorte, elas costumam achar muitas coisas nessa vida; primeiro elas acham que o sofrimento só nasceu para elas, que é um padecimento exclusivo feminino; nem precisa dizer o que advém disso, é bastante lógico, homem está isento de sofrer, é claro!; também acham que só elas são capazes de se envolver emocionalmente em profundidade, o que implica na superficialidade masculina, é óbvio; homens são propensos a serem imaturos, gays, insensíveis, pouco românticos, e mais uma série interminável de defeitos.

O assunto é recorrente, mas é a mais pura verdade; apesar disso tudo, o homem ideal existe, a única pena é que ele não é ele, é ela, é uma uma mulher. Isso mesmo, o ideal feminino da perfeição masculina é mulher. Ou seja, no fundo o que as mulheres pretendem é uma relação lésbica. Mais do que isso! A pretensão é manter uma auto-relação, todas são apaixonadas por si próprias. Talvez com a evolução das clonagens, no futuro, isso seja possível, teremos multidões de novos casais formados por Maria e Maria, Angela e Angela, Ana e Ana, etc.

Antes de tudo é preciso assumir que não há perfeição em nada, assumir que somos falhos e que há falhas. T-o-l-e-r-â-n-c-i-a é uma palavra que ficou fora de moda, todo mundo repentinamente ficou inflexível, rigoroso, não há espaço para o perdão. É preciso que eu diga que não fui vítima, nem estou sendo vitimado por nada do tipo. Escrevo pois sobre aquilo que vejo e sobre aquilo que leio. Sobre essa postura de magistratura que as mulheres assumiram. Que sejam cada vez mais felizes com seus julgamentos, mas receio que os réus estejam se acabando...

Tuesday, January 03, 2006

Bem-vindos ao Amancebado



Amancebado - que vive em estado de mancebia. Mancebia, s. f., estado de quem vive amancebado; concubinato; vida dissoluta; a juventude, os mancebos.

Pois aqui o amancebado sou eu, "sou aquele que vive em estado de mancebia", mas meu concubinato é com as palavras, não nego, como não nego até uma certa vida dissoluta, sem horários, alguém que vive, não do ofício porque eu não dependo das letras, mas que vive para o ofício de escrever. Confesso que faço muito pouco nessa vida a mais do que escrever. O culpado sou eu ou o culpado são elas?

Acho que há culpados de parte a parte, eu porque não sei resistir a elas, elas por serem tão atraentes e volúveis, dispostas a se entregarem de corpo e alma ao primeiro que com elas se aventure numa narrativa qualquer. Em parte a culpa é também de quem me ensinou desde pequeno a se afeiçoar dessa forma desmedida a elas.

O que eu posso fazer? Nada além de viver com essa culpa. Sei que sempre serei este louco, entregue ao meu ofício, embriagado de fonemas, a pisotear encontros vocálicos, chutando advérbios, sem modos, empregando verbos impessoais, na companhia insana dessas loucas doidivanas, sacanas, palavras.