Monday, April 17, 2006

Má literatura

Não sei se a palavra certa é curiosidade ou se é inveja; embora eu fique pensando: inveja do quê? Talvez do sucesso, embora eu saiba, conheça ou suponha que conheça muito bem o preço desse sucesso. A idéia, se não é nova, não deixa de ser boa - não em essência, mas no aspecto comercial -, nesse nosso Brasil que rima com varonil ou com infantil - rima mais apropriada para esse caso - onde qualquer assunto relacionado com alcova vende; e vende mais se misturado com revelações - com fofocas -, formando uma dupla explosiva: revelações da alcova.

Queria ter pego a entrevista com Bruna Surfistinha no programa do sábado de madrugada do Serginho Groismann. Só peguei o final, e se entendi bem, a entrevistada afirmava que contava com a fraca memória do povo, que contava que, com o passar do tempo, esquecessem dela e que assim poderia levar uma vida normal. Parece-me a afirmação de quem vende a alma ao diabo e depois não quer entregar; ou seja, é preciso pagar o preço do sucesso, seja ele qual for, ficar só com as benécies do sucesso todo mundo quer, mas não funciona.

Uma outra entrevistada presente no programa dizia justamente isso, que as pessoas não esquecem, ou se a maioria esquece sempre tem alguém que vai se lembrar e se encarregar de reviver o assunto. Fico com essa opinião, que acho mais realista, mais consoante com o que ocorre na vida real. De uma certa forma eu acho triste que isso se misture com literatura, que depois alguém possa dizer que leu um livro ao dizer que leu esse tipo de livro.

Com tantos tão bons livros no Brasil, ainda se gastam milhões em livros desse tipo, em livros de auto-ajuda, em livros psicografados; é, tudo isso é literatura...

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