Saturday, November 11, 2006

Ensinamentos

Nessa vida é bom aprender cedo a não ser definitivo com nada. Afinal, palavra que já começa bem, eis que expressa a idéia que eu quero passar, de finitude, nós somos todos finitos. "Tu és pó! E a ele voltarás!" Profetizou - decretou? sentenciou? - nosso Pai Celestial.

Acho que ele disse dessa forma, foi direto e claro, para não deixar a menor dúvida. Sabem como é, tem gente que se acha eterna. E se nós assim estamos destinados, porque imaginar que as coisas, os outros, as nossas relações serão eternas?

É uma espécie de miragem da felicidade; que nos obnubila a visão, que nos transmite essa falsa sensação de eternidade. Ah! Mas tem muita gente que nunca se separa! Eu sei, esses dias vi Napoleão e Josefina passeando de mãos dadas por aí.

É preciso clarear a nossa idéia do que é ser infinito ou finito. Ter a idéia correta nos faz mais felizes, menos sonhadores, nos faz encarar a vida com serenidade e maturidade. Muitos gostam de achar que "isso só acontece comigo". É uma forma superficial, como a superficie é só o que se vê do mundo e das pessoas.

Existe um soneto do poeta Raimundo Correia, Mal Secreto, que diz bem o que é esse nosso ver supérfluo:

Mal Secreto

Se a cólera que espuma, a dor que mora
N'alma e destrói cada ilusão que nasce;
Tudo o que punge, tudo o que devora
O coração, no rosto se estampasse;

Se se pudesse o espírito que chora
Ver através da máscara da face,
Quanta gente talvez que inveja agora
Nos causa, então piedade nos causasse!

Quanta gente que ri, talvez consigo
Guarda um atroz, recôndito inimigo,
Como invisível chaga cancerosa!

Quanta gente que ri, talvez, existe
Cuja ventura única consiste
Em parecer aos outros venturosa!

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